Semana da Mulher: Feminicídio é tema de reflexões em evento na PR/PI

Em evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher, promovido hoje (9), a Procuradoria da República no Estado do Piauí (PR/PI) promoveu reflexões sobre os casos de feminicídio que ocorrem no estado. A subsecretária de Segurança Pública do Estado, Eugênia Villa, apresentou um painel com as 27 faces do feminicídio, pintadas por artistas plásticas teresinenses, enfatizando os detalhes de horror e tortura relacionados a esse tipo de crime.

Segundo a secretária - delegada civil de carreira - é preciso ter um olhar atento para as nuances de cada caso para saber se é possível enquadrá-lo como feminicídio. “Nos casos de feminicídio, existe ódio e desprezo à condição da mulher, sendo o criminoso uma pessoa conhecida ou não. Normalmente, só enxergamos os casos de violência íntima, praticados por maridos ou namorados. Mas existem muitos casos nos quais não há nenhuma relação entre a vítima e o agressor”, ressaltou.

Nesse crime, muitas mulheres são assassinadas a pancadas enquanto dormem, outras têm os bicos dos peitos arrancados e normalmente são estupradas antes ou depois de serem assassinadas. Existem casos de mulheres que são encontradas mortas usando coleiras, numa simbologia que traduz a subjugação da mulher, enquanto outras têm os corpos abandonados em lixões.

Caso de Castelo do Piauí - Dentre os crimes apontados no painel, Eugênia lembrou o caso de Castelo do Piauí, ocorrido em 2015. Segundo ela, o mais paradigmático e que norteou todas as políticas públicas que vem sendo implementadas pelo Estado. O crime chocou pela brutalidade com que quatro adolescentes foram estupradas e torturadas. Uma delas não resistiu aos ferimentos e faleceu dez dias após a tragédia.

Eugênia explica que nesse caso de Castelo a vítima não conhecia os agressores. “Ela foi assassinada apenas pela misoginia que é ódio e desprezo pela sua condição de mulher. Isso nos chocou e nos fez perceber que precisávamos avançar nas nossas políticas públicas”, destacou.

Políticas Públicas - Dessa constatação, nasceram políticas públicas voltadas para o alerta e proteção das mulheres, como o painel com os casos de feminicídio, que percorre o estado em alerta para a população, e o aplicativo Salve Maria, que viabiliza a realização de denúncias anônimas nos casos de violência. Pelo aplicativo, apertando o botão do pânico, é possível enviar a geolocalização da agressão, permitindo que a viatura policial mais próxima seja destacada para o local.

O procurador-chefe da Procuradoria da República no Piauí, Tranvanvan Feitosa, ressaltou a importância desses momentos de reflexão para o enfrentamento desse grave problema social. Ele acredita que o acesso à informação é um dos caminhos para minorar a violência contra a mulher. “Quanto mais pessoas estiverem informadas e sensibilizadas, maior será o acesso às políticas públicas que o Estado e as instituições dispõem para coibir os crimes contra a mulher. O exemplo do aplicativo Salve Maria é um deles. Apertando um botão, que é o botão do pânico, poderemos contribuir para evitar agressões e até crimes dessa natureza”, destaca.

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