MPF em Rio Grande (RS) denuncia 24 pessoas por associação criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas

O Ministério Público Federal em Rio Grande (RS) denunciou, nesta sexta-feira (01), 24 pessoas acusadas de integrarem uma associação criminosa armada voltada ao tráfico internacional de drogas na região do Chuí/RS. Entre os denunciados, sete são uruguaios. As investigações revelaram que a organização era comandada por um detento que agia do interior do Presídio Estadual de Pelotas/RS. O grupo criminoso utilizava uma casa de câmbio uruguaia para converter em moeda nacional o montante financeiro originário no exterior.

As investigações revelaram que os integrantes da organização seguiam hierarquia e divisão de tarefas, mantendo cargos específicos. Foram identificados postos de fornecedores, articuladores/intermediários, doleiros, responsáveis pela externalização dos entorpecentes pela fronteira (travessia), transportadores (freteiros/motoristas), operacionais/auxiliares e compradores/distribuidores.

Além de descrever a forma estruturada da atuação, a denúncia explicitou a dimensão da organização criminosa. Em pouco mais de um ano foram apreendidos com os integrantes da associação aproximadamente 1.230,5 kg de maconha, 36,5 kg de cocaína,, 235 gramas de crack e 5 kg de cafeína (insumo da cocaína), além de seis armas, 799 munições, nove veículos (na sua maioria clonados), U$ 27.432,00 dólares e $ 40.000,00 pesos uruguaios. As drogas eram destinadas ao Uruguai, enquanto o armamento também era utilizado em guerra travada com outro grupo criminoso da região. Por conta desta disputa, foram registrados 23 homicídios em pouco mais de um ano.

Entre os denunciados, 12 estão presos preventivamente por ordens da Justiça Federal de Rio Grande, três estão presos no Uruguai, por crimes praticados naquele país, e dois estão foragidos. A pedido do MPF, dois líderes da associação criminosa serão transferidos para presídios federais, devendo ser submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado. O objetivo da medida solicitada pelo Ministério Público Federal e acatada pela Justiça Federal visa à interrupção de sua comunicação com pessoas envolvidas no tráfico de drogas.

A denúncia apresentada pelo MPF trata apenas do crime de associação ao tráfico, cujas penas podem ultrapassar 16 anos de prisão. Quanto aos delitos praticados no âmbito da associação (tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, homicídios) alguns ainda são objeto de investigação e outros já foram denunciados na Vara Federal de Rio Grande.

O procurador da República Daniel Dalberto afirma que, desde 2016, foram realizadas 38 apreensões de entorpecentes na fronteira do Chuí e em Rio Grande (1 em 2016, 13 em 2017 e 24 em 2018). “Os números demonstram que os órgãos responsáveis – Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal - têm atuado com eficiência. No entanto, temos a impressão que o enfrentamento do problema requer políticas que estão além da realidade local, que é apenas corredor de passagem do tráfico internacional de entorpecentes”, pontou o autor da ação penal.

Somadas, as operações resultaram na apreensão de 2.208,382 kg de maconha, 398,678 kg de cocaína, 235 gramas de crack, 1.890 pílulas de ecstasy, 975 doses de LSD e 5 kg de insumos para fabricação de cocaína.

Número da denúncia para consulta na Justiça Federal do RS – 5001022-32.2019.4.04.7101

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